Todas as pessoas já vivenciaram situações em que houve manifestação de ansiedade: aumento dos batimentos cardíacos, boca seca, alterações gastrointestinais, tremores, sudorese entre outros sintomas que são conhecidos por todos mesmo que em intensidades diferentes. Apesar do discurso pregado que coloca a ansiedade como vilã a ser derrotada, essa é uma reação adaptativa e normal em certas situações. Então como saber quando a ansiedade se torna um problema?
Entendendo o papel da ansiedade
Todas as reações emocionais tem um motivo de existir, mesmo que sejam desagradáveis ou indesejadas. A ansiedade é uma reação normal, adaptativa e esperada quando nos encontramos frente a um perigo ou a um sinal de ameaça. As alterações corporais tem como principal objetivo preparar nosso organismo para lutar e/ou fugir, aumentando desta forma a probabilidade de sobrevivência.
Isso ocorre porque há situações em que analisar não é possível (se quisermos nos mantermos vivos), apenas agir de forma rápida e imediata. Podemos exemplificar da seguinte forma: imagine que você está em casa com sua família e você avista um animal venenoso. A reação esperada é que você corra e avise sua família sem analisar a situação ou tentar explicar de forma tranquila e detalhada. Os motivos para essa reação “desesperada” são óbvios. As emoções como um todo tem como principais objetivos nos preparar para uma ação, comunicar algo aos outros e a nós mesmos.
Quando a intensidade e duração da resposta de ansiedade são justificadas pela situação ela se enquadra como uma resposta normal. No exemplo anterior, após o afastamento do perigo é esperado que o corpo volte ao estado normal, saindo do estado de luta e fuga.
Quando a ansiedade se torna um problema
A principal característica que diferencia uma resposta de ansiedade que está dentro da normalidade e quando esta se torna um problema é sua duração e intensidade. Nos transtornos de ansiedade o medo é excessivo e não justificado pela situação/estímulo ameaçador além de ter duração maior do que período apropriado, ou seja, se mantém mesmo após o perigo não estar mais presente. Nos casos mais intensos, como é o caso dos ataques de pânico, é comum a presença de sintomas como:
- Palpitações, coração acelerado ou taquicardia.
- Sudorese.
- Tremores ou abalos.
- Sensações de falta de ar ou sufocamento.
- Sensações de asfixia.
- Dor ou desconforto torácico.
- Náusea ou desconforto abdominal.
- Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio.
- Calafrios ou ondas de calor.
- Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento).
- Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo)
- Medo de perder o controle ou “enlouquecer”.
- Medo de morrer.
- Gritos ou choro descontrolado
O estímulo aversivo inicial faz com que todo o contexto se torne um fator propício para o surgimento de respostas ansiosas. Muitas vezes, o próprio medo de se ter uma nova crise acaba sendo suficiente para provocar novas crises. A pessoa passa a temer situações, pessoas, lugares e as reações corporais causadas pela ansiedade. Com isso, as ações de fuga e esquiva e hipervigilância se tornam constantes o que leva a prejuízos significativos em todas as áreas da vida como comprometimento no trabalho, estudos e nos relacionamentos interpessoais.
Esse comportamento de fugir incessante, além de ter o objetivo de se livrar do contato com uma possível ameaça e de amenizar as sensações físicas causadas pela ansiedade, traz como consequência secundária a impossibilidade de entrar em contato com situações que são importantes para manter o bem estar e sua funcionalidade tornando a vida empobrecida o que eleva as chances de desenvolver comorbidades como é o caso da depressão.
Nesses casos, é fundamental que se busque ajuda profissional de psicólogos e psiquiatras para evitar maiores prejuízos e recuperar os que já ocorreram.
A psicoterapia terá como principal objetivo identificar os gatilhos que envolvem a ansiedade, além de ajudar a construir um repertório de enfrentamento mais efetivo e alinhado aos valores e objetivos pessoais. A ajuda psiquiátrica entrará com a medicação que atuará nos sintomas de ansiedade o que permite que o engajamento nas situações temidas sejam maior tolerados.