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TOC não é só Excesso de limpeza

O transtorno obsessivo-compulsivo muitas vezes é associado à mania de limpeza e organização. Em meio a pandemia, o termo ganhou destaque, pois muitas pessoas passaram a dizer que estão lavando as mãos com maior frequência e tendo cuidados e preocupações intensos com a higiene que “estão com TOC”. Hoje em dia, lavar as mãos e aumentar o cuidado com a higiene é um protocolo de saúde, ou seja, é um comportamento esperado.

Apesar da ampla associação com essas questões, esse transtorno vai muito além do medo de se contaminar ou sentir agonia por não ter as coisas organizadas da maneira que se espera.

O que são as obsessões do TOC?

Podemos entender como obsessões qualquer pensamento, imagem, ideia ou palavra que surge de maneira intrusiva e indesejada ao sujeito. Tendo como base essa definição, as obsessões podem ser as mais diversas, sendo as mais comuns as relacionadas à contaminação que costumam envolver medo de pegar doenças causadas por germes, bactérias e vírus. 

As conteúdo repugnante envolvem obsessões de conteúdo sexual como os relacionados à pedofilia, zoofilia, orientação sexual e outras questões tidas como socialmente imorais. Dentro dos conteúdos repugnantes também podem existir os pensamentos de cunho violento que envolvem fazer mal e/ou ferir os outros ou a si mesmo. 

Uma outra temática comum são das de cunho religioso  religioso, que trazem como questão central a blasfêmia, culpa e punições.   

Um ponto extremamente importante a ser ressaltado é que a pessoa não sente prazer e nem deseja ter esses tipos de pensamento, muito pelo contrário. Tratam-se de conteúdos não desejados e que em grande parte das vezes contrapõem os valores pessoais. Neste sentido, ter obsessões relacionadas à violência, por exemplo, não significa que a pessoa almeja ferir alguém. 

O que são as compulsões? 

Como compulsão podemos qualquer comportamento que tem como objetivo amenizar, afastar e diminuir as sensações ruins geradas pelas obsessões. Esses comportamentos podem ser mentais, como substituir um pensamento por outro e questionar as obsessões. Isso significa que nem sempre as pessoas, mesmo que próximas, sabem que o sujeito tem o transtorno obsessivo-compulsivo. Algumas obsessões podem ser observadas por terceiros como é o caso das verificações e  lavagem das mãos no TOC de contaminação.  

Dado a variedade de possibilidades de manifestação das compulsões, deve-se levar em conta a função que o comportamento está tendo na vida da pessoa. Se ele surge como forma de aliviar as obsessões e questões relacionadas à ela, pode-se considerar como um ritual ou compulsão do TOC.

Para ser considerado TOC, precisa trazer sofrimento e prejuízo

É normal que todas as pessoas tenham pensamentos obsessivos uma vez ou outra, bem como ter algum comportamento que pode ser considerado compulsivo. O que diferencia um hábito ou costume inofensivo do transtorno obsessivo-compulsivo é o grau de sofrimento e prejuízo que traz à vida do sujeito.

Muitas pessoas tem sua vida profissional e pessoal comprometida pelos rituais. Para exemplificar o normal do patológico, imagine uma pessoa que sempre confere se o gás está fechado antes de sair de casa ou se tirou o ferro da tomada. Esse comportamento é normal e não traz prejuízo, além disso, a pessoa se sente tranquila após a verificação. 

Agora imagine uma outra pessoa que tenha esse mesmo costume, mas que precisa repetir a verificação diversas vezes e isso faz com que se atrase para o trabalho ou em encontros com pessoas especiais, além disso, após sair de casa a dúvida ainda persiste. 

O último caso se trata de TOC, o primeiro não.

Como saber se eu tenho TOC? 

Leia as afirmativas a seguir e assinale aquelas com as quais você se identifica. A resposta positiva a uma ou mais perguntas sugere que você pode ter TOC. Para confirmação, é importante consultar um psicólogo ou psiquiatra.

  1. Preocupo-me demais com sujeira, germes, contaminação ou com contrair doenças.
  2. Lavo demais as mãos, demoro no banho ou troco de roupas demasiadamente.
  3. Evito tocar em certos objetos que outras pessoas tocaram (corrimões, maçanetas de portas, dinheiro, etc.) ou, se tiver que tocar, preciso lavar as mãos depois.
  4. Evito lugares como banheiros públicos, hospitais, cemitérios e sentar em bancos de praça ou de coletivos, por achar que posso contrair doenças ou que são sujos.
  5. Evito usar roupas de determinadas cores, bem como certos números, ou chegar perto de certas pessoas porque acho que podem dar azar.
  6. Verifico várias vezes portas, janelas, gás, fogão, torneiras, eletrodomésticos ou documentos.
  7. Minha mente é invadida por pensamentos desagradáveis, que me perturbam e que não consigo afastar.
  8. Preciso repetir várias vezes a mesma tarefa para ter certeza de que não fiz nada de errado, ou de que ela está bem feita.
  9. Preocupo-me demais em arrumar as coisas para que estejam simétricas, alinhadas, e fico aflito(a) quando estão fora do lugar.
  10. Acumulo demasiadamente coisas que não têm mais utilidade e que não consigo descartar.
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